No momento você está vendo Nova espécie de aracnídeo é descoberta na Mata Escura e amplia conhecimento sobre biodiversidade em Minas Gerais

Nova espécie de aracnídeo é descoberta na Mata Escura e amplia conhecimento sobre biodiversidade em Minas Gerais

  • Post author:

Descoberta reforça a importância da preservação ambiental na região do Vale do Jequitinhonha

Uma nova espécie de opilião, um tipo de aracnídeo, foi identificada na Reserva Biológica da Mata Escura, localizada nos municípios de Jequitinhonha e Almenara, no nordeste de Minas Gerais. O achado representa um avanço significativo para a ciência, pois é a primeira vez que uma espécie do gênero Cajango é registrada no estado.

Batizado de Cajango ednardoi, o aracnídeo se diferencia das demais espécies conhecidas por suas características morfológicas únicas, incluindo variações na coloração e adaptações estruturais. A descoberta foi resultado do trabalho de monitoramento ambiental realizado na reserva sob a gestão do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em parceria com a Vale, como parte do compromisso de preservação da Meta Florestal 2030.

Como a nova espécie foi encontrada

Durante uma rotina de monitoramento em abril de 2023, Ednardo Martins – membro do quilombo da Mumbuca e colaborador da reserva – junto ao brigadista Jorge Pereira, avistou e registrou o animal. A imagem foi compartilhada na plataforma de ciência cidadã iNaturalist, o que chamou a atenção do pesquisador Dr. Adriano Kury, especialista em aracnídeos do Museu Nacional, no Rio de Janeiro.

“Quando vi a foto, percebi que havia algo incomum e que poderia se tratar de uma nova espécie. Organizei uma expedição com a pesquisadora Alexia Granado no início de 2024 para coletar exemplares na Mata Escura. Após análises no laboratório, confirmamos que era uma espécie inédita para a ciência”, explicou Kury.

A descrição formal da nova espécie foi publicada em janeiro de 2025 em uma revista científica internacional, ampliando o conhecimento sobre a biodiversidade da região.

O significado da descoberta para a conservação ambiental

Para Márcia Nogueira, chefe da Reserva Biológica da Mata Escura, o registro do Cajango ednardoi reforça a importância das ações de conservação.

“Além de monitorarmos espécies já ameaçadas, como o muriqui-do-norte, também estamos contribuindo para descobertas inéditas de fauna e flora. Isso demonstra que a reserva está em excelente estado de conservação e que a parceria com a Vale tem gerado resultados significativos para a biodiversidade”, destaca.

A Meta Florestal 2030 é um compromisso voluntário da Vale, alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, que visa proteger e restaurar 500 mil hectares de áreas naturais até 2030. Até o momento, a iniciativa já garantiu a proteção de mais de 177 mil hectares e a recuperação de cerca de 15 mil hectares.

Curiosidades sobre o Cajango ednardoi

Habita altitudes entre 750 e 1.100 metros, enquanto as demais espécies do gênero Cajango ocorrem abaixo de 600 metros.

Apresenta diferenças estruturais no fêmur e nos órgãos genitais masculinos, além de uma coloração distinta.

Sua descoberta expande o conhecimento sobre a distribuição geográfica do gênero, antes restrito ao interior da Bahia.

O nome Cajango ednardoi foi escolhido em homenagem a Ednardo Martins, reconhecendo sua dedicação ao monitoramento ambiental na Mata Escura.

Sobre a Reserva Biológica da Mata Escura

Criada para proteger remanescentes de Mata Atlântica e áreas de transição com o Cerrado, a Reserva Biológica da Mata Escura cobre aproximadamente 50 mil hectares no Vale do Jequitinhonha. Atualmente, já foram catalogadas cerca de mil espécies de fauna e flora na unidade de conservação.

Além da pesquisa científica, a reserva desenvolve ações de educação ambiental, proteção ecossistêmica e restauração de áreas degradadas, em parceria com iniciativas como o acordo de Restauração Inclusiva entre a Vale e o ICMBio.

A descoberta do Cajango ednardoi reafirma o potencial inexplorado da Mata Escura e a necessidade de fortalecer a conservação ambiental para garantir que novas espécies continuem sendo identificadas e protegidas.