
Vale e UFMG firmam aliança para transformar rejeitos da mineração em desenvolvimento sustentável
Parceria prevê criação de ambiente colaborativo para fomentar soluções tecnológicas e novos negócios com foco na economia circular
A mineração em Minas Gerais dá um passo significativo rumo à sustentabilidade com a nova parceria firmada entre a Vale e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Anunciada oficialmente nesta terça-feira (15), a colaboração inaugura o Colab de Mineração Circular, um espaço dedicado à pesquisa, inovação e empreendedorismo, com foco no reaproveitamento de rejeitos e resíduos gerados pelas atividades mineradoras.
Com investimento inicial de R$ 6 milhões, a iniciativa busca impulsionar a chamada “mineração circular” – conceito que alia tecnologia, responsabilidade socioambiental e desenvolvimento econômico. A proposta é transformar materiais antes considerados descartáveis em insumos para novos produtos e negócios, agregando valor e reduzindo impactos ambientais.
Durante cerimônia realizada na Escola de Engenharia da UFMG, o presidente da Vale, Gustavo Pimenta, destacou a importância da parceria. “Estamos comprometidos em transformar a mineração com práticas mais sustentáveis. A colaboração com a UFMG fortalece esse compromisso, ao mesmo tempo em que engaja a sociedade e estimula o surgimento de soluções inovadoras”, afirmou.
Segundo a mineradora, a meta é que 10% da produção de minério de ferro no Brasil seja proveniente de fontes circulares até 2030. Em 2024, a Vale já alcançou a marca de 12,7 milhões de toneladas de minério reaproveitado a partir de estéreis e rejeitos. O vice-presidente técnico da empresa, Rafael Bittar, acrescenta que os resultados têm sido promissores. “Estamos avançando em pesquisa e desenvolvimento, buscando alternativas que reduzam a necessidade de novas barragens e contribuam para a descarbonização das nossas operações”, disse.
O vice-reitor da UFMG, professor Alessandro Moreira, ressaltou o impacto social da iniciativa. “É uma oportunidade ímpar para nossos estudantes e pesquisadores aplicarem conhecimento técnico em soluções de relevância econômica e ambiental. Trata-se de uma aliança que amplia a presença da indústria na formação de engenheiros comprometidos com os desafios contemporâneos.”
O Colab de Mineração Circular será um ambiente aberto e multidisciplinar, integrando universidade, empresas, governo, startups e fundos de investimento. A ideia é estimular um ecossistema robusto de inovação, voltado para o desenvolvimento de tecnologias aplicáveis ao reaproveitamento de resíduos e à criação de coprodutos, como areia e blocos para a construção civil.
Um exemplo concreto do potencial dessa abordagem é a mina do Pico, em Itabirito (MG), onde a Vale mantém uma fábrica de blocos construídos com rejeitos. Parte da produção é doada a projetos sociais ou utilizada em obras internas da empresa. Já no Pará, a operação do Gelado tem como meta o reaproveitamento de 138 milhões de toneladas de rejeitos da barragem de Carajás.
A estratégia também inclui o programa Waste to Value, que reúne mais de 100 iniciativas da Vale voltadas à circularidade na mineração. Os ganhos não são apenas ambientais. Em 2024, as ações do programa contribuíram para a redução de 23 mil toneladas de CO₂ equivalente – o mesmo que retirar 14 mil carros populares das ruas.
Com a força da academia e a expertise industrial unidas, a mineração mineira sinaliza uma mudança de paradigma. O que antes era visto como descarte, agora se converte em oportunidade de inovação, inclusão social e proteção ambiental. E Itabira, berço de uma das maiores jazidas do país, assiste de perto mais um capítulo na reinvenção da mineração.