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Itabira recebe “Oriará”: exposição itinerante celebra ancestralidade e futuros possíveis com arte afro-indígena

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Mostra do Memorial Vale transforma Praça do Campestre em galeria viva com obras contemporâneas, oficinas, espetáculos e ações educativas gratuitas

Itabira será palco de uma rica experiência cultural entre os dias 24 de abril e 4 de maio com a chegada da exposição “Oriará – Arte e Educação em Movimento”, promovida pelo Memorial Minas Gerais Vale. A mostra, instalada em uma carreta adaptada de 15 metros, ocupa a Praça do Campestre com obras de artistas indígenas e negros, promovendo diálogos sobre identidade, memória e futuro a partir das heranças culturais afro-brasileiras e indígenas.

Com curadoria do Programa Educativo do Memorial, “Oriará” propõe reflexões a partir de três eixos centrais: (Re)Existências, que destaca estratégias de resistência e presença; Cotidianos, que aborda o modo de viver e os territórios; e Futuros, que imagina caminhos possíveis guiados pela ancestralidade. A iniciativa faz parte do projeto Memorial Vale Itinerante, que leva arte e educação a dez cidades mineiras durante o período de renovação da sede do Memorial em Belo Horizonte.

Um olhar plural sobre a arte contemporânea mineira

A exposição apresenta obras em diversos formatos e linguagens – da fotografia à instalação, do audiovisual ao desenho – que aproximam o público da multiplicidade de vivências presentes nas comunidades afro-indígenas de Minas Gerais. Entre os artistas, destaque para Edgar Kanaykõ Xakriabá, cuja obra “Hemba” utiliza fotografia sobre tecido para tensionar estigmas relacionados aos povos originários, e para o coletivo Tikmũ’ũn, da Aldeia Floresta Maxakali, que apresenta uma animação sobre os saberes da roça e a preservação da mata.

Também compõem a mostra obras como “Já Quase Esqueci Seu Nome”, de Marcel Dyogo, que denuncia o apagamento histórico das comunidades indígenas mineiras, e “Abre Caminho”, de Dayane Tropicaos, que questiona o lugar social de profissionais racializados por meio de uniformes e vídeo-instalação. O artista Jorge dos Anjos, por sua vez, une pintura e símbolos afro-diaspóricos em lona de caminhão para pensar ancestralidade e comunicação. Já Froiid traduz a cultura popular de ruas e becos com jogos de tabuleiro em madeira inspirados nos ditos e dinâmicas das comunidades negras urbanas.

O público também poderá interagir com o “Varal dos Saberes”, instalação educativa que propõe reflexões sobre as culturas quilombolas e indígenas por meio de perguntas, imagens e um mapa digital com dados sobre a ocupação desses povos no território mineiro.

Programação gratuita e acessível: oficinas, teatro e celebrações

Além da mostra, “Oriará” traz uma extensa programação cultural e educativa à cidade, com oficinas, visitas guiadas e apresentações artísticas, todas gratuitas e com acessibilidade em Libras. As atividades começam antes mesmo da abertura oficial, com formações para professores da rede pública e privada, estabelecendo conexões entre a exposição e práticas pedagógicas que valorizam a diversidade cultural brasileira.

Nos fins de semana da mostra, o público infantil poderá participar das Visitas Brincantes, que transformam a vivência artística em experiência lúdica. Também estarão disponíveis oficinas de Máscaras Afrofuturistas, inspiradas nas obras de Jorge dos Anjos, e uma vivência de capoeira com o contramestre Guayamum.

O teatro marca presença com o espetáculo Dois à Espera, do Coletivo Viravoltear, que será apresentado no dia 27 de abril. No dia 3 de maio, a tradicional Marujada da Guarda de Marujos Nossa Senhora do Rosário resgata a força da oralidade e da fé popular, seguida pela intervenção poética Assalto a Mão Letrada, que mistura literatura e performance com textos autorais e de Carlos Drummond de Andrade.

Oriará: a força da cabeça que sonha e do corpo que resiste

O nome da exposição traz em si o espírito do projeto. “Ori”, palavra de origem Yorubá, significa “cabeça” e remete ao orixá que habita o pensamento. “Ará”, do Tupi-Guarani, pode ser traduzido como “dia”, “sol” ou “todo ser vivente”. Juntas, as palavras formam “Oriará” – a cabeça que ilumina, que vive, que compartilha. A mostra convida o público itabirano a abrir caminhos de escuta, respeito e conexão com saberes que moldam a identidade plural do Brasil.

A visitação estará aberta de terça a sexta, das 8h às 16h, e aos fins de semana, das 10h às 18h. A entrada é gratuita.


Serviço

Exposição “Oriará – Arte e Educação em Movimento”
Abertura: 24 de abril, às 9h
Local: Praça do Campestre, Itabira
Visitação: Até 4 de maio – Terça a sexta das 8h às 16h / Sábados e domingos das 10h às 18h
Entrada gratuita
Mais informações: www.memorialvale.com.br | @memorialvale