A recente eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos trouxe novamente o debate sobre o papel do país no cenário internacional e os impactos de sua política “América em Primeiro Lugar”. Com uma abordagem amplamente protecionista e não intervencionista, Trump promete uma postura de mudanças, especialmente em questões como as relações com a China, os conflitos no Oriente Médio e o papel da OTAN. Mas o que isso representa para o Brasil?

Para o especialista em relações Brasil-EUA, Carlos Gustavo Poggio, professor de Relações Internacionais, a vitória de Trump sinaliza a continuidade de uma tendência ideológica e política que já havia sido evidenciada em seu primeiro mandato. Segundo ele, embora o impacto na relação direta com o Brasil não seja uma prioridade para Washington, há implicações indiretas, principalmente na esfera comercial e no contexto global.

Mudanças no Cenário Internacional e o Papel dos EUA

Durante a campanha, Trump fez promessas amplas sobre como lidaria com questões geopolíticas, como o conflito Rússia-Ucrânia e as tensões no Oriente Médio. No caso da Rússia, ele mencionou a possibilidade de negociar diretamente com Moscou e Kiev, levantando debates sobre seu compromisso com a OTAN e o papel dos Estados Unidos como um aliado confiável na Europa. Para o Oriente Médio, Trump sugere uma resolução rápida para os conflitos, mas sem detalhes concretos, gerando dúvidas sobre a estabilidade de sua abordagem.

Relações Comerciais com a China

Trump manteve uma postura rígida em relação à China, impondo tarifas e dificultando o comércio entre os países. Ele vê a China como um concorrente estratégico e considera medidas como sanções e tarifas essenciais para proteger a indústria americana. Essa postura poderá afetar parceiros comerciais ao redor do mundo, inclusive o Brasil, que mantém importantes laços comerciais com o país asiático.

O Brasil no Contexto de uma Nova Ordem Mundial

Para Poggio, o Brasil enfrenta o desafio de se posicionar dentro desse novo contexto internacional. Embora as relações bilaterais entre Brasil e EUA possam não sofrer mudanças diretas, o cenário geopolítico em transformação exige uma análise cuidadosa. Com os Estados Unidos focados em suas próprias prioridades, o Brasil pode ver no fortalecimento de parcerias regionais uma saída estratégica.

A vitória de Trump representa uma reafirmação de um modelo de governança e política internacional que poderá impulsionar movimentos conservadores globalmente. Para o Brasil, o momento é de atenção e adaptação, buscando manter-se relevante no novo contexto que se desenha no cenário mundial.