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Fernando Henrique Cardoso apresentando o plano real - imagem Museu da Democracia

30 anos do Plano Real: A moeda que Estabilizou Economia Brasileira

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Você se lembra de quando nasceu o Plano Real? Se você tem mais de 30 anos, provavelmente se lembra do alvoroço entre as pessoas pela troca da moeda brasileira. Quanto valeria o Real?

Em meados dos anos 90, o Brasil enfrentava uma grave crise econômica marcada por hiperinflação e instabilidade financeira. Foi nesse contexto que surgiu o Plano Real, um conjunto de medidas econômicas que transformaria o cenário nacional e colocaria fim a décadas de inflação descontrolada.

O Plano Real foi concebido durante o governo de Itamar Franco, que assumiu a presidência após o impeachment de Fernando Collor em 1992. Itamar, um político mineiro, enfrentou um cenário econômico caótico, fruto de políticas econômicas insustentáveis adotadas durante a Ditadura Militar e perpetuadas nos anos seguintes. A inflação, que alcançara 6800% em 1990, continuava a crescer, atingindo 2000% em 1993. Desde a redemocratização, o Brasil havia tentado diversos planos de estabilização, como o Cruzado, Bresser, Verão e Collor I e II, todos focados no congelamento de preços. Apesar desses esforços, nenhum havia conseguido controlar a inflação de forma duradoura, deixando o país em um estado de incerteza econômica.

A virada veio quando Itamar Franco nomeou Fernando Henrique Cardoso (FHC) como Ministro da Fazenda em maio de 1993. FHC, sociólogo e ex-Ministro das Relações Exteriores, reuniu uma equipe de economistas para elaborar e implementar um novo plano econômico. O Plano Real foi implantado em três fases distintas. Primeiro, foi necessário estabilizar as contas públicas, reduzindo gastos e promovendo privatizações para aumentar a receita do Estado. Houve também um aumento de 5% nos impostos federais e uma reforma no orçamento da União, permitindo ao governo manejar livremente 20% dos recursos destinados a áreas como educação e saúde.

A segunda fase foi o lançamento da Unidade Real de Valor (URV) em março de 1994. A URV funcionou como uma unidade de conta que serviu como referência para a conversão de valores do cruzeiro real para o real. Essa medida foi essencial para desindexar a economia da inflação, estabilizando preços e valores. Em julho de 1994, a nova moeda, o real, entrou em vigor. O valor inicial foi estabelecido como 1 real igual a 1 URV, que por sua vez equivalia a 2750 cruzeiros reais. O real foi pareado ao dólar, garantindo sua estabilidade e atraindo investimentos estrangeiros.

Além dessas etapas principais, o Plano Real incluiu a abertura econômica, reduzindo tarifas de importação para modernizar a indústria nacional e evitar a falta de mercadorias no mercado. Houve também reformas bancárias, restringindo o acesso ao crédito e promovendo a desindexação da economia, desvinculando preços e salários da inflação.

O Plano Real conseguiu estabilizar a economia brasileira e controlar a inflação, que caiu para 1% ao mês no final de 1994. Economicamente, o plano teve efeitos positivos e negativos. Entre os pontos positivos, destacam-se a estabilização econômica e o controle da inflação. No entanto, o plano também manteve o poder de compra do trabalhador baixo e aumentou o desemprego.

Politicamente, o sucesso do Plano Real foi um trampolim para Fernando Henrique Cardoso, que deixou o Ministério da Fazenda em março de 1994 para concorrer à presidência. FHC venceu as eleições no primeiro turno com cerca de 55% dos votos, sendo eleito presidente do Brasil.

O Plano Real foi um marco na história econômica do Brasil. Sob a liderança de Fernando Henrique Cardoso e a presidência de Itamar Franco, o plano trouxe estabilidade e confiança à economia brasileira. Embora tenha enfrentado críticas e desafios, seu legado permanece como um exemplo de sucesso na luta contra a hiperinflação e na promoção de reformas estruturais necessárias para o crescimento econômico do país.