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Bibi Ferreira com o pai, Procópio Ferreira, em 1978 — Foto TV Globo

Bibi Ferreira, ícone dos musicais e figura de destaque na arte nacional, recebe uma homenagem do Google por ocasião do seu centenário.

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A atriz e cantora Bibi Ferreira, renomada nos musicais brasileiros, além de apresentadora, diretora e compositora, celebra hoje o seu centenário. Ela faleceu em 2019, aos 96 anos, no Rio de Janeiro, sendo reconhecida como uma das mais notáveis figuras artísticas do país.

Uma Personalidade Brasileira

Bibi, originalmente Abigail Izquierdo Ferreira, nasceu em 1º de julho de 1922. Filha do renomado ator Procópio Ferreira (1889-1979) e da bailarina espanhola Aída Izquierdo, ela recebeu o apelido de Bibi ainda na infância. Sua estreia nos palcos ocorreu com apenas 20 dias de vida, quando foi vista em cena no colo de sua madrinha, Abigail Maia, durante a encenação de “Manhãs de sol”, escrita por Oduvaldo Vianna (1892-1972).

Artista multifacetada, Bibi desempenhou papéis em filmes, apresentou programas de TV, gravou discos e dirigiu espetáculos, mantendo sempre sua paixão pelo teatro.

Ela foi homenageada como enredo da Viradouro no Carnaval do Rio em 2003 e teve sua vida e obra retratadas no espetáculo “Bibi, uma vida em musical”, cujo roteiro foi escrito por Artur Xexéo e Luanna Guimarães, sob direção de Tadeu Aguiar. Na produção teatral, o papel principal foi interpretado por Amanda Costa.

Em março de 2018, aos 95 anos, Bibi emocionou o público ao assistir a uma apresentação do musical que contava sua história, onde, da plateia e sem microfone, chorou enquanto interpretava uma música de Edith Piaf (1915-1963).

Ela mesma brilhou ao interpretar a cantora francesa em um musical de grande sucesso no Brasil e em Portugal. Seu trabalho meticuloso foi tão impressionante que até mesmo aqueles que conheceram Piaf ficaram surpresos com a semelhança.

Com esse espetáculo, Bibi recebeu os principais prêmios do teatro nacional, incluindo Molière, Mambembe, Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), Governador do Estado e Pirandello, apenas para citar alguns dos muitos reconhecimentos que recebeu ao longo de sua carreira.

Trabalhos na Televisão

Em 1960, Bibi estreou na TV Excelsior com o programa ao vivo “Brasil 60”, que trouxe para a televisão os maiores nomes do teatro da época. O programa mudou de nome nos anos seguintes para refletir os anos em que estava no ar.

Na mesma emissora, ela também apresentou o programa “Bibi sempre aos domingos”. Em 1968, estrelou o musical “Bibi ao vivo”, transmitido ao vivo do auditório da Urca e dirigido por Eduardo Sidney.

Musicais Memoráveis

Durante os anos 1960, Bibi também protagonizou dois dos musicais mais marcantes de sua carreira. O primeiro foi “Minha querida dama” (“My fair lady”), uma adaptação de “Pigmaleão”, de George Bernard Shaw, ao lado de Paulo Autran (1922-2007) e Jaime Costa (1897-1967).

O outro trabalho notável foi “Alô, Dolly!” (Hello, Dolly!), uma versão da obra “The matcmaker”, de Thornton Wilder, com Hilton Prado e Lísia Demoro.

Na década de 1970, Bibi foi destaque em “O homem de La Mancha”, dirigido por Flávio Rangel e com letras adaptadas para o português por Chico Buarque.

Legado no Canecão

Bibi deixou sua marca na casa de shows Canecão, no Rio de Janeiro, dirigindo o espetáculo “Brasileiro, profissão esperança”, de Paulo Pontes e Oduvaldo Vianna Filho (1936-1974), uma produção inspirada na obra do compositor Antonio Maria. O espetáculo, inicialmente concebido para boates com Ítalo Rossi e Maria Bethânia nos papéis principais, transformou-se em um dos maiores sucessos do Canecão, protagonizado por Paulo Gracindo e Clara Nunes.

Em 1975, Bibi recebeu o Prêmio Molière por sua interpretação da personagem Joana, em “Gota d’água”, de Paulo Pontes e Chico Buarque, uma montagem que ambientava a tragédia “Medeia”, de Eurípedes, em um morro carioca.

Bibi como Amália

No início dos anos 2000, Bibi impressionou ao interpretar a fadista Amália Rodrigues (1920-1999) no espetáculo “Bibi vive Amália”.

Posteriormente, apresentou dois recitais, “Bibi in concert” e “Bibi in concert pop”, acompanhada por orquestra e coral.

Vida Privada

Apesar de admirada pelo público e respeitada pelos colegas, Bibi sempre preservou sua privacidade, evitando exposição em eventos sociais. Segundo amigos próximos, ela preferia passar seu tempo em seu apartamento no Flamengo. Bibi teve vários casamentos e uma filha, Teresa Cristina.

Despedida

“Nunca pensei em parar. Essa palavra nunca fez parte do meu vocabulário, mas entender a vida é ser inteligente. Fui muito feliz com minha carreira. Me orgulho muito de tudo que fiz. Obrigada a todos que de alguma forma estiveram comigo, a todos a que me assistiram, a todos que me acompanharam por anos e anos. Muito obrigada! Bibi.”

Com essas palavras, atribuídas a Bibi Ferreira em comunicado publicado em rede social, a atriz e cantora carioca anunciou, em 10 de setembro de 2018, o encerramento de uma das carreiras mais brilhantes já construídas por uma artista no Brasil e no mundo.